






No Brasil, uma em cada quatro estudantes já deixou de ir à aula durante o período menstrual por não ter recursos para a higiene íntima. Um cenário ainda mais preocupante que a escala mundial, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), uma entre dez alunas falta na escola no decorrer do ciclo. Diante desta realidade, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo criou o programa Dignidade íntima.
Entre os idealizadores do programa, está Rafaela Vieira, ex-aluna do Colégio e atualmente assessora do secretário estadual de educação, Rossieli Soares. Para a realização da proposta foram investidos mais de R$30 milhões. A medida contempla mais de 5 mil escolas e beneficia cerca de 1,3 milhão de alunas, entre dez e 18 anos.
Formada em Administração Pública pela FGV-SP, Rafaela foi a principal responsável por desenvolver, implementar e monitorar o programa em toda a rede estadual de ensino. “O ‘Dignidade íntima’ surge a partir da percepção da Secretaria em enxergar a pobreza menstrual como um desafio público. Se é um problema presente em nossa rede e impacta a vida escolar, é nossa responsabilidade”, conta.
O objetivo é que nenhuma aluna fique desconfortável na escola durante o ciclo menstrual, seja qual for o motivo. Em 2014, o direito à higiene menstrual foi reconhecido pela ONU como uma questão de direito humano e saúde pública.
O programa
Em vigor desde junho deste ano, o “Dignidade íntima” garante que toda a rede de ensino estadual tenha itens de higiene menstrual – seja absorvente ou algum método alternativo –, para todas as alunas que precisarem, especialmente as que vivem em vulnerabilidade social e econômica. A verba é repassada para as escolas, que efetuam a compra dos itens conforme a necessidade das estudantes.
Além da aquisição dos produtos, o programa atua com a formação dos profissionais da educação, por meio de rodas de conversa e distribuição de material informativo. Os alunos também são protagonistas neste processo, realizando ações a partir dos grêmios estudantis. “Infelizmente, este é um tema que envolve muito tabu e vergonha para as meninas. Com esses encontros, queremos criar uma rede de apoio, em que todos entendam a importância do programa e sejam seus multiplicadores”, explica Vieira.
Orgulho
Como principal responsável pelo programa na Secretaria, Rafaela orgulha-se em fazer parte dessa iniciativa. “É uma realização enquanto profissional, ex-aluna e principalmente como mulher. Foi o programa que impulsionou a discussão em escala nacional e fico muito feliz com isso. Com um passinho de cada vez, vamos trazendo visibilidade ao tema e quebrando um tabu que impacta a vida e o aprendizado das estudantes”, finaliza.